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Homens e mulheres sobem aos montes pelas serras da Borda e Santa Bárbara em busca de algum pontinho que brilhe em meio a terra. Ali, o que reluz realmente é ouro. Atraídos pelo o que estão chamando de "nova Serra Pelada", milhares de forasteiros chegam todos os dias à cidade de Pontes e Lacerda, em Mato Grosso.
Com cerca de 40 mil habitantes, o município, que fica na divisa com a Bolívia, surgiu da garimpagem. "Até na cidade dá pra achar ouro, mas como fazia tempo que não achavam nada, a população foi desenvolvendo outras formas de ganhar dinheiro", explica Gilmar Souza, assessor da prefeitura. Agora, quase 3 mil pessoas já estão em Pontes e Lacerda atrás da sorte.
Os "aventureiros", como os moradores têm chamado quem está se instalando no garimpo, vêm de diversos Estados, como Bahia, Pará e Rondônia. Santos resolveu não se aventurar no garimpo, mas desde então tem recebido mensagens com fotos e relatos. "Um homem já teria tomado facada por causa de uma pedra de 5 kg e tem pontos de prostituição no entorno", conta. Nas fotos, as lonas e cabanas feitas ao pé da serra se espalham e é fácil perder a conta de quantas sejam.
Em entrevistas a jornais locais, o prefeito Donizete Barbosa (PSDB) diz que o maior problema na cidade tem sido para os empresários. Apesar de ter aquecido o comércio, a descoberta das jazidas tem levado muitos funcionários a abandonarem seus postos de trabalho. "É bom que tem dinheiro girando, mas os funcionários estão em falta", relata um comerciante.
Ação z715z
Na tarde de terça-feira (13/10) o Ministério Público de Mato Grosso ajuizou uma ação civil pública na Justiça Federal pedindo o fechamento do garimpo ilegal e a retirada das pessoas que estão na região. De acordo com o MP-MT, a exploração da área é ilegal, pois não há autorização ou licença para lavra emitida pelo Departamento Nacional de Produção Mineral. A decisão está prevista para esta sexta-feira (16/10).
O governo do Estado também anunciou que está formulando um plano de ação com relação à exploração do novo garimpo. Uma vistoria técnica vai ser feita por servidores das superintendências de Licenciamento Ambiental e de Fiscalização da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e da Secretaria de Estado de Segurança Pública.
Segundo a emissora de rádio estadual, informações obtidas pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico apontam que a Mineradora Santa Elina requereu autorização, em 1991, para realizar pesquisa na região, mas ainda não obteve licença.