24 janeiro 2020 535153

Ao contrário do que diz Guedes, destruição na Amazônia é baseada no lucro, aponta MPF 1xd6t

Ao contrário do que diz Guedes, destruição na Amazônia é baseada no lucro, aponta MPF 6u1p6n

Levantamento demonstra que a maior parte do desmatamento ilegal da floresta vem da milionária indústria madeireira 3v2n3w

Brasil de Fato | Brasília (DF)
MPF cobra mais de R$ 5 bilhões em indenizações por desmatamento ilegal na Amazônia - Créditos: Foto: Ascom Ideflor-Bio
MPF cobra mais de R$ 5 bilhões em indenizações por desmatamento ilegal na Amazônia / Foto: Ascom Ideflor-Bio
Um mapeamento feito pelo Ministério Público Federal (MPF) demonstra que não são bem os pobres que destroem o meio ambiente, como afirmou o ministro da Economia, Paulo Guedes, durante o Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, que encerra nesta sexta-feira (24).
A declaração do representante brasileiro, feita na última terça-feira (21), causou polêmica. Segundo ele, “as pessoas destroem porque precisam comer”. Ao menos na Amazônia, no entanto, as destruições não matam a fome: são causadas ilegal e majoritariamente pela milionária indústria madeireira, conforme dados do projeto “Amazônia Protege”, do MPF.
Os números foram levantados com base em registros de um satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e em autos de infração ou laudos de órgãos públicos, como o Instituto Brasileiro de do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O objetivo é punir os criminosos judicialmente e informar compradores sobre produtos gerados por desmatamento ilegal.
Até agora, foram duas fases: na primeira, foram propostas 1.125 ações civis públicas contra desmatamentos registrados entre 2015 e 2016. Na segunda fase, foram 1.414 ações contra grandes desmatamentos registrados pelo Inpe entre 2016 e 2017. Segundo o MPF, uma terceira fase está em curso. Em nenhum dos processos houve condenação, até o momento.
O valor total de indenizações cobradas pela Procuradoria, calculadas com base no tamanho das áreas destruídas, a dos R$ 5 bilhões nas duas fases do projeto. O recurso deve ser revertido ao Ibama e ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgãos de fiscalização ambiental.
Quem são os desmatadores?
Entre os 20 campeões em derrubar ilegalmente a floresta amazônica, quatro são grandes empresas declaradas – duas madeireiras, uma do setor de combustíveis e uma ligada à agroindústria, conforme dados do Amazônia Protege obtidos pelo Brasil de Fato. Os outros nomes da lista são de pessoas físicas, quase todas ligadas à indústria da madeira (em alguns casos, utilizadas como laranjas).
A líder do ranking é a Manasa Madeireira Nacional, alvo de 63 ações do Ministério Público. A empresa já desmatou mais de 11 mil hectares e está longe da pobreza: tem capital social declarado de mais de R$ 51 milhões, além de forte atuação no mercado de ações. Dela, os procuradores cobram mais de R$ 192 milhões em indenizações.
De outra madeireira da lista, a Tigrinhos Indústria e Comércio de Madeiras LTDA, a cobrança é de mais de R$ 26 milhões em indenização. Segundo o MPF, a empresa desmatou área próxima a 1,6 mil hectare. Não há registros do valor de capital social dela na Receita Federal.
Outra empresa milionária colocada entre os principais destruidores da Amazônia é a Tauá Biodiesel LTDA, do setor de combustíveis. Com capital social declarado em R$ 29 milhões, a empresa deve mais de R$ 23 milhões de indenização, pelo desmatamento de 1,4 mil hectares, de acordo com o cálculo do MPF.
A quarta empresa denunciada é a Coprocentro Cooperativa de Produtores do Centro-Oeste, ligada à agroindústria. Segundo o Amazônia Protege, a cooperativa desmatou 1,7 mil hectares. Por isso, deve indenização de mais de R$ 28 milhões.
Entre as pessoas físicas, o maior processado por destruir a Amazônia é Iglisson Fraitag de França, com 57 ações por desmatamento ilegal.
Iglisson é caminhoneiro e, nas redes sociais, declara trabalhar com o transporte de gado. Ele, porém, já foi ligado à indústria madeireira – conforme registros da Justiça, que aponta que em 2015 ele moveu ação trabalhista contra a O. Miranda da Rocha Comércio de Móveis LTDA, sendo indenização em R$ 45 mil, conforme sentença do mesmo ano. O motivo da ação não consta no processo.
Brasil de Fato tentou contato com Iglisson Fraitag França e com as quatro empresas citadas no texto, mas, até a publicação desta reportagem, não teve retorno.
Balanço de Davos
A crise ambiental foi tema central nos cinco dias de Fórum Econômico Mundial. Com a ausência do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, e do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, Paulo Guedes foi o responsável por explicar ao mundo como o governo brasileiro vem tratando a questão.
Assim como o presidente faz recorrentemente, o ministro também tentou minimizar a crise ambiental no Brasil, afirmando que o país tem outras urgências. Mesmo assim, para amenizar a relação com investidores e países parceiros, prometeu reabrir o Centro de Biotecnologia da Amazônia, no mesmo dia em que Bolsonaro anunciou a criação do Conselho da Amazônia.
O ministro brasileiro foi criticado por Al Gore, ex-vice-presidente estadunidense e um dos expoentes da causa ambiental, por sua fala sobre a pobreza. Segundo o estadunidense, dizer para as pessoas que desmatar a Amazônia resolve o problema da pobreza é criar falsas esperanças.
“Hoje é amplamente entendido que o solo na Amazônia é pobre. Dizer às pessoas no Brasil que elas vão chegar à Amazônia, cortar tudo e começar a plantar, e que terão colheitas por muitos anos, isso é dar falsa esperança a elas”, afirmou o ex-vice-presidente.
Embora tenha discordado de Guedes, Gore reconheceu a soberania brasileira. “Os brasileiros sempre falam isso, que não é para pessoas de outras nações do mundo comentarem a questão amazônica. E isso deve ser respeitado”.
O governo brasileiro também foi alvo de crítica do presidente do Banco Itaú Unibanco, Candido Bracher. À Folha de S. Paulo, ele afirmou que o Brasil é visto como mau exemplo no meio ambiente pelos estrangeiros.
"É muito difícil formar um juízo sobre o que acontece no meio ambiente, porque há muita informação desencontrada. Mas, do ponto de vista de comunicação, estamos muito mal. Em qualquer fórum aqui na Europa, o Brasil é visto como um mau exemplo de proteção ambiental", disse ao jornal.
Edição: Vivian Fernandes

Associação dos Comunicadores do Médio Mearim envia nota de repúdio q60o


 A Associação dos Comunicadores do Médio Mearim vem a público repudiar através dessa nota todas e  quaisquer ações de quaisquer pessoas, especialmente  políticos e mandatários, que agem na intenção de coibir, intimidar, limitar, tolher ou vetar, de qualquer forma a liberdade que a Constituição Federal garante a Imprensa.


 Há menos de 24 horas um colega de imprensa blogueiro Nelsinho Paz a quem nós todos nos declaramos nesta nota solidários. Ele teve seu nome exposto e ridicularizado pelo simples fato de ter publicado uma matéria contrariando o interesse de uma istração de um determinado município da região do Médio Mearim (Poção de Pedras). E gerou uma situação que obrigou a ACMM tornar publica a presente nota. 

 Entendemos esse fato como tentativa de cerceamento e censura à Liberdade de Expressão da Imprensa, ferindo preceitos constitucionais, a Lei de o à Informação, bem como o Código de Ética dos Jornalistas que tem como base primordial o direito fundamental do cidadão à informação pública.


 Vimos a público agora e viremos tantas vezes forem necessárias assumirmos o compromisso de combater essa prática nefasta de autoridades e/ou governos em nossa região e até mesmo em todo o Estado.


 Numa sociedade plural, livre e desenvolvida, todos devem respeitar o exercício do Jornalismo e da Imprensa, que realiza um trabalho indispensável à sociedade e que é garantia constitucional e pilar do Estado Democrático de Direito.


Associação dos Comunicadores do Médio Mearim (ACMM)

CRITÉRIO DE JULGAMENTO PARA O CARNAVAL SÃO PAULO 2020 5h4v5

O que mudou no regulamento e nos critérios de julgamento para o Carnaval SP 2020 3n2e3r

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Quesitos como bateria, comissão de frente, evolução, fantasia e alegoria sofreram alterações importantes
Na última quarta-feira (22), durante uma coletiva de imprensa, a Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo, Liga-SP, apresentou o regulamento e os critérios de julgamento para o Carnaval SP 2020. Entre as mudanças de 2019 para 2020, os quesitos evolução, comissão de frente, bateria, mestre-sala e porta-bandeira, fantasia e alegoria foram os que sofreram as alterações mais significativas no critério de julgamento. No regulamento do Carnaval, as novidades são penalidades mais brandas para as escolas que estourarem o tempo de desfile ou o concluírem antes da minutagem mínima, que varia de acordo com o grupo, e a padronização do tamanho das baias, que são os espaços onde ficam estacionadas as alegorias, dias antes dos desfiles.

Todas as alterações aram pelos presidentes ou representantes das escolas de samba na Liga-SP até serem aprovadas da forma como serão apresentadas no Manual do Julgador 2020. Os jurados já aram pelo treinamento e ao menos um representante de cada escola também pode assistir ao mesmo material de preparação, em outra ocasião.

É importante ressaltar que o Carnaval de São Paulo também a por uma renovação do corpo de jurados, com o objetivo de ter julgadores bem qualificados para melhor avaliação.

Os principais quesitos alterados foram comissão de frente, evolução, bateria, fantasia, alegoria e mestre-sala e porta-bandeira. Veja algumas das mudanças mais significantes:

COMISSÃO DE FRENTE
Felipe Araújo/Liga-SP

A limpeza dos movimentos dentro da coreografia proposta pelo grupo a a ser avaliada.

EVOLUÇÃO
Felipe Araújo/Liga-SP
Efeito sanfona, quando uma parte da ala se mexe e outra fica parada para depois a segunda parte se mexer e a primeira ficar parada, não conta mais como ocorrência ível de penalidade.

MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA
Felipe Araújo/Liga-SP
O casal deve apresentar a finalização dos movimentos obrigatórios durante a sua apresentação para tornar ainda mais evidente o sincronismo entre ambos. Antes consideradas infrações de integridade média, agora são infrações de INTEGRIDADE leves (-0,1): casacas, calças e ou saias rasgadas e ou caídas, prejudicando a elegância e altivez do casal; resplendor e ou chapéu e ou ombreiras, caídas e ou quebradas; perda/queda de elementos importantes da fantasia do mestre-sala e/ou da porta-bandeira esplendor, chapéu, sapatos, etc.

BATERIA
Felipe Araújo/Liga-SP
A performance da bateria a a ser julgada. Neste subquesito, os jurados têm de analisar artisticamente a bateria em sua totalidade valorizando a melhor performance musical com ousadia, sendo executada com excelência. Exemplos: bossa, paradinha, breque, apagão, convenção, virada. Se a performance for realizada, porém sem excelência, a bateria perde 1 décimo. Se não realizar a performance, a bateria perde 2 décimos. O jurado avaliará a bateria dentro de seu campo auditivo, e não mais visual. 

FANTASIA
Felipe Araújo/Liga-SP
O jurado deverá avaliar se as fantasias apresentam variações de formas, cores e adereços, mantendo qualidade em todo o seu desfile, ainda que seja um desfile monocromático. As fotos anexadas às pastas enviadas pelas escolas para que a Liga distribua aos jurados que farão a análise precisam ter nitidez. Os julgadores avaliarão se a fantasia apresentada na avenida é exatamente como a anexada na pasta.

ALEGORIA
Felipe Araújo/Liga-SP

Além das ocorrências de execução e acabamento, que não mudaram, entra o subquesito realização, que prevê que os jurados analisem se os carros alegóricos e elementos cenográficos foram confeccionados com variações de formas e cores, podendo ser monocromático. Além da qualidade de execução das peças que compõem todos os carros alegóricos e elementos cenográficos, e também se as mesmas possuem proporção e volumetria.

Felipe Araújo/Liga-SP

O Manual do Julgador completo e atualizado será divulgado para o público em breve. Em 2020, os desfiles das escolas de samba de São Paulo acontecerão nos dias 21, 22, 23, 24 e 29 de fevereiro, no sambódromo do Anhembi. 

Unidos de Vila Maria | Carnaval SP 2020 | Clipe Oficial 15a1m



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LETRA DO UNIDOS DE VILA MARIA  DE SÃO PAULO

G.R.C.S.E.S. UNIDOS DE VILA MARIA
A GRANDEZA DA CHINA E SUAS MENTES SÁBIAS E BRILHANTES, REMETEM AO MUNDO OS SEUS ENCANTOS. O SONHO DE UM POVO EMBALA O SAMBA E FAZ A VILA SONHAR
Presidente: Adilson José de Souza
Mestre de Bateria: Rodrigo Moleza
Intérprete: Wander Pires
Compositores: Cacá Camargo, Tim Cardoso, Acerola de Angola, Sérgio Carmo, Renan Takacs, Xuxu do Cavaco, Bruno Pelé, Marcos Thiago, André Luiz, Luiz Jacaré e Rapha Maslionis

Vila, um caso de amor na avenida
O mundo hoje te reverencia,
Oh, China! Oh, China!
Um caso de amor na avenida
O mundo hoje te reverencia,
Oh, China! Oh, China!

Meu dragão milenar
Emana a energia que me faz sonhar
Grandes impérios se erguiam,
Mentes brilhantes que criam
Viver em perfeita harmonia
Caminho traçado, que maravilha!
Da lua, posso ver os astros a bailar
Artes de um povo em união
Filhos de uma só nação

Oh, pátria guerreira da sabedoria
Em cores e versos, essa melodia...
Tão bela ternura espalha no ar...
Faz encantar!

É fascinante, sonho real
Que retrata esse país continental!
Renova o corpo e a alma
Com o verde da esperança
Desperta a potência e a bonança
Xiè Xiè! A Vila Maria vem agradecer
Por tuas glórias, meu canto ecoou
O nosso momento chegou!
E faz a festa... a hora é essa
Um novo tempo vem aí
A Mais Famosa a reluzir

SÍFILIS MATA MILHARES DE BEBÊS NO BRASIL 665cq

Sífilis, a doença evitável e de tratamento barato que mata um número crescente de bebês no Brasil bc19

Atendimento pré-natal inadequado, machismo e tabus são obstáculos para evitar que recém-nascidos sejam afetados pela doença; mesmo conhecida há séculos, ela infectou 26 mil bebês no país em 2018 e matou 24 4n1j63



  • SAÚDE
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    BBC NEWS BRASIL 1l4954
Número de mortes de bebês infectados com sífilis tem se mantido em alta na última década

Número de mortes de bebês infectados com sífilis tem se mantido em alta na última década 3a1s2l

Leonardo Rattes/Ascom Sesab
Enquanto esteve grávida de cada um de seus dois filhos — um menino que tem hoje 2 anos e uma menina de 1 — a alagoana Luisa (nome fictício), 38 anos, precisou tomar um total de 21 injeções de benzetacil, antibiótico da família da penicilina. Mesmo assim, sua caçula, Tainá, nasceu com atrasos no desenvolvimento que persistem até hoje. "Notei que ela não sentava sozinha, caía para trás, tinha a função motora enfraquecida", lembra a mãe, que mora em Maceió.
Ela ainda se lembra do dia em que recebeu do médico a notícia de que tinha sífilis, doença transmitida sexualmente e cercada de tabu e estigma, e que poderia afetar também o bebê que ela esperava. "Na hora eu me abalei. Chorei na sala, o médico ficou conversando comigo".
Relatos como o de Luisa, marcados por culpa e sofrimento, são comuns entre as mães que têm a vida transformada pela sífilis, cuja incidência em grávidas e bebês vem aumentando no Brasil na última década, especialmente a partir de 2010.
Nos adultos, a doença tem sintomas que podem evoluir de feridas genitais e manchas no corpo, febre, mal-estar e até lesões na pele, nos ossos e nos sistemas nervoso e cardiovascular, podendo também desenvolver quadros semelhantes à demência e à depressão. Em bebês, os efeitos são ainda mais catastróficos: malformações, microcefalia, comprometimento do sistema nervoso, sequelas na visão, nos músculos, coração e fígado, até aborto ou morte ao nascer, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
No ano ado, 241 bebês brasileiros com menos de um ano de idade morreram em decorrência da sífilis congênita, em que a infecção é ada pela mãe, durante a gestação.
O boletim mais recente do Ministério da Saúde, divulgado em outubro, aponta que, em 2018, foram registrados 26,3 mil casos de sífilis congênita no país. Desde 2010, quando a doença ou a ser de notificação obrigatória, o aumento foi de 3,8 vezes — ando de 2,4 para 9 casos a cada mil nascidos vivos.
O aumento de uma doença tão antiga e vista como superada pela ciência surpreende, já que a sífilis é considerada pelos médicos um mal de diagnóstico fácil e tratamento barato. Como é possível que uma infecção facilmente detectável, que existe há pelo menos 500 anos e cujo tratamento, inventado em 1928, é um dos mais simples e baratos da medicina, atinja um número tão grande de pessoas — e crianças — no Brasil e no mundo?
Ilustração da sífilis feita na Idade Média; como é possível que uma infecção facilmente detectável, que existe há pelo menos 500 anos e cujo tratamento é simples e barato, ainda atinja um número tão grande de pessoas?

Ilustração da sífilis feita na Idade Média; como é possível que uma infecção facilmente detectável, que existe há pelo menos 500 anos e cujo tratamento é simples e barato, ainda atinja um número tão grande de pessoas? 646m6a

SPL
"A ciência já resolveu essa doença. O tratamento é à base de penicilina, extremamente barato. Não teria por que ter crianças nascendo com sífilis congênita", afirma a enfermeira Ana Rita Paulo Cardoso, mestre em Saúde Coletiva pela Universidade de Fortaleza com uma tese que analisou casos de sífilis gestacional e congênita nos anos de 2008 a 2010, em Fortaleza. A pesquisa mostrou que a maior parte das mães teve o a consultas de pré-natal, mas o que falta, segundo Cardoso, é melhorar a qualidade das consultas.
No caso de mulheres grávidas, é possível detectar a doença com um teste rápido de sangue. Feito o diagnóstico, é preciso tomar uma dose semanal de penicilina benzatina (benzetacil), durante três semanas. Se o tratamento for seguido no início da gravidez, as chances de infecção do bebê são mínimas.
Um outro obstáculo ao tratamento adequado da sífilis parece ainda mais difícil de superar: a resistência dos homens em relação ao tema, negando-se a comparecer às consultas para receber tanto o diagnóstico quanto o tratamento adequados. Para que a doença seja erradicada com sucesso, mesmo em gestantes, precisam ser medicados tanto a mulher quanto todos os seus parceiros sexuais.
Rotina pesada e falta de dinheiro
Luisa descobriu a doença na gestação de seu primeiro filho, Thiago. O diagnóstico foi precoce, ainda no primeiro trimestre, e ela tomou 13 injeções de antibiótico. Ficou aliviada quando, ao nascer, os exames mostraram que o menino estava livre da doença.
Na volta da licença-maternidade em seu trabalho, como auxiliar de cozinha em um hotel em Maceió (AL), Luisa foi demitida. No exame demissional, um novo susto: a notícia de que estava grávida novamente, embora acreditasse estar prevenida por usar pílulas anticoncepcionais e camisinha. E, apesar do tratamento, ela ainda tinha sífilis. "O obstetra falou que provavelmente foi a quantidade de benzetacil que eu tomei que cortou o efeito do anticoncepcional."
Alguns médicos e estudos apontam que pode haver interferência de antibióticos no efeito de anticoncepcionais, embora haja discrepâncias entre a dimensão dessa interferência.
O marido de Luisa, o pai da criança, nunca foi contaminado. A suspeita é de que ela tenha recebido a infecção do ex-marido, de quem estava separada há mais de um ano quando engravidou, e com quem não tem mais contato.
Com um ano de idade, a filha de Luisa tem uma rotina pesada de atendimentos com fisioterapeuta, fonoaudiólogo, psicólogo e enfermeiro. A mãe, que cuida da menina em tempo integral, não voltou a procurar emprego. O pai trabalha como ambulante, vendendo óculos e chinelos na beira da praia de Pajuçara, em Maceió, mas o movimento anda bem fraco neste ano, apesar do calor.
"Como houve vazamento de óleo em praias aqui perto, como Maragogi e Japaratinga, os turistas ficam achando que Maceió todinha está poluída." A sogra ajuda Luisa a pagar as despesas com alimentação desde que acabaram-se as parcelas do seguro-desemprego. O resto das contas começa a se acumular.
Por que os casos de sífilis não param de crescer?
Entre 2017 e 2018, a detecção da sífilis adquirida — ou seja, contraída por adultos em relações sexuais desprotegidas com pessoas contaminadas — aumentou 28,3% no Brasil, também segundo o Ministério da Saúde. Os sintomas podem evoluir de feridas iniciais na região do contágio e manchas no corpo, febre ou mal-estar para lesões na pele, nos ossos e nos sistemas nervoso e cardiovascular, e até mesmo desenvolvimento de quadros semelhantes à demência e à depressão.
A doença está distribuída por todas as regiões do país, aponta a coordenadora de Vigilância das Infecções Sexualmente Transmissíveis do Ministério da Saúde, Angélica Miranda. Das 241 mortes de bebês por sífilis congênita, 101 foram no Sudeste, 77 no Nordeste, 27 no Norte, 21 no Sul e 15 no Centro-Oeste.
Os maiores percentuais de casos de sífilis congênita em 2018 ocorreram em crianças cujas mães tinham entre 20 e 29 anos de idade (53,6%); a maior parte possuía da 5ª à 8ª série incompleta (22,2%). Em relação à cor de pele das mães, a maioria se declarou como pardas (58,4%). Além disso, 81,8% das mães de crianças com sífilis congênita fizeram pré-natal, o que indica que não é o o a consultas o maior problema.

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BBC NEWS BRASIL
Para Daniela Mendes, enfermeira da área técnica de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, é possível que parte do aumento do número de casos registrados pelo Ministério da Saúde se explique pela melhora na detecção e nos pré-natais sendo realizados no país. Mas, em outra parte, esse crescimento reflete uma "lacuna na prática sexual segura". Entre 2017 e 2018, a detecção da sífilis adquirida — ou seja, contraída por adultos em relações sexuais desprotegidas com pessoas contaminadas — aumentou 28,3% no Brasil, também segundo o Ministério da Saúde.
"É uma doença que existe desde a era pré-colombiana e o tratamento é muito barato. A detecção é feita com um furinho no dedo, de livre o (nos postos de saúde), até para adolescentes. Mas mesmo assim a gente não consegue controlar nem erradicar a doença. A conta não fecha", afirma Mendes. "Temos uma baixa adesão das pessoas ao uso de preservativos (camisinha) e a se testar regularmente para as infecções sexualmente transmissíveis."
O caminho, dizem os especialistas e o Ministério da Saúde, é conscientizar a população em relação à saúde sexual: reforçar a consciência de que quem tem vida sexual ativa precisa usar camisinha, e se tratar quando alguma doença aparecer. "Na população jovem, o que se observa é que as pessoas estão parando de usar camisinha. E, no caso da sífilis, é preciso ainda mais cuidado: a relação sexual não é só penetração, e você pode contrair sífilis por sexo oral, o que não é tão fácil com o HIV", diz Ana Rita Cardoso.
A resistência dos homens ao tratamento
Existem, também, dois entraves significativos no tratamento: o primeiro é que se houver atrasos longos nas doses, ele se torna ineficaz. O segundo é que, se a mulher voltar a praticar sexo inseguro com um parceiro infectado, voltará a contrair a sífilis. O jeito, então, é tratar também os parceiros.
Mas isso não costuma ser fácil. Muitos estudos científicos mostram que os homens são mais reticentes a tratamentos médicos em geral, e mais ainda quando se trata de uma doença ligada à sexualidade.
Casos notificados de sífilis congênita

Casos notificados de sífilis congênita 446w6p

BBC NEWS BRASIL
"Existe um tabu, tanto das mulheres quanto dos profissionais de saúde no momento do pré-natal, de se falar (com as gestantes) sobre parceiros sexuais", afirma Mendes. "Às vezes, as mulheres que vão chamar seu parceiro para se tratar acabam sofrendo violência por parte deles. Mas, se eu não o trato, a chance de a mulher se reinfectar é muito alta."
"A reinfecção mostra a importância em se fazer também o pré-natal do parceiro", afirma Angélica Miranda, do Ministério da Saúde.
Nas orientações para a prevenção, a responsabilidade recai mais sobre a mulher: a recomendação é que ela pense em fazer o exame para sífilis antes de engravidar, como parte das consultas de rotina. "Tem uma questão do machismo que bloqueia todo o tratamento", diz Ana Rita Cardoso. "O homem tem que participar, não é o tratamento mais fácil porque é injetável, mas não é questão de escolha".
A pesquisa "Compreendendo a sífilis congênita a partir do olhar materno", das pesquisadoras Martha Helena Teixeira de Souza e Elisiane Quatrin Beck, da Universidade Franciscana de Santa Maria, entrevistou 15 mães de bebês portadores de sífilis congênita em Brasília. Nove dessas mulheres receberam as três doses da medicação preconizada pelo Ministério da Saúde. No entanto, apenas três parceiros realizaram conjuntamente o tratamento.

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Rodrigo Nunes/MS
"A reinfecção mostra a importância em se fazer também o pré-natal do parceiro", afirma Angélica Miranda, do Ministério da Saúde. Ela diz que 100 municípios brasileiros com o maior número de casos de sífilis participam, desde 2017, de um programa especial da pasta, em que as prefeituras recebem mais testes, e os esforços de pré-natal são intensificados, para aumentar a detecção precoce da sífilis. No momento, estão sendo analisados os dados para verificar se a ação teve impacto real e se levou a reduções nos números da sífilis.
No Brasil em geral, Miranda afirma que os números mostram que "houve uma desaceleração, a doença continua a crescer, mas não com a mesma frequência". A taxa de casos notificados de sífilis congênita em bebês entre 2018 e 2019 (segundo casos registrados até junho deste ano), por exemplo, subiu de 7 para 7,1.
"Na sífilis congênita, o desafio principal é aumentar a quantidade de diagnósticos ainda no primeiro trimestre da gestação — incluir mais mulheres no pré-natal e mais precocemente, com mais consultas. Quanto antes essa gestante for tratada, mais se evitará a transmissão da doença pela placenta", agrega Miranda.
Para além do Brasil, a sífilis é uma preocupação global, aponta a OMS, que registra 6 milhões de novos casos da doença a cada ano.
A incidência da sífilis congênita caiu globalmente entre 2012 e 2016, mas isso ainda representa cerca de 660 mil casos anuais da doença em crianças. "É a segunda principal causa evitável de natimortos, precedida apenas pela malária", diz boletim da organização.
Por que as consultas de pré-natal falham em detectar a sífilis?
Daniela Mendes, da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, afirma que alguns profissionais da saúde têm dificuldade tanto em discutir o tema com os pacientes quanto em registrar corretamente a doença nos prontuários, o que dificulta o tratamento subsequente.
'Na população jovem, o que se observa é que as pessoas estão parando de usar camisinha. E no caso da sífilis é preciso ainda mais cuidado: a relação sexual não é só penetração, e você pode contrair sífilis por sexo oral, o que não é tão fácil no HIV', diz pesquisadora

'Na população jovem, o que se observa é que as pessoas estão parando de usar camisinha. E no caso da sífilis é preciso ainda mais cuidado: a relação sexual não é só penetração, e você pode contrair sífilis por sexo oral, o que não é tão fácil no HIV', diz pesquisadora 3u6f6k

Rodrigo Nunes/MS
Em sua tese de mestrado em Fortaleza, a enfermeira Ana Rita Paulo Cardoso analisou 175 casos de grávidas que tiveram bebês com sífilis congênita. Chamou atenção da pesquisadora o fato de que, mesmo quando o diagnóstico da sífilis na gestante ocorria durante o pré-natal, é possível que a maioria dos testes tenham sido aplicados tarde demais, considerando que a maioria dos relatórios de notificação da doença foi feito durante o segundo e terceiro trimestres da gestação.
"Estudos mostram a importância de prever atendimento pré-natal de qualidade com diagnóstico precoce em grávidas, e destacam que a evolução inadequada do tratamento dado à mãe têm relação com a mortalidade das crianças", diz o estudo de Cardoso.
Vergonha, tabu e exames atrasados
Os casos no Brasil são, provavelmente, subnotificados. Nos registros oficiais, a informação de que uma criança morreu por sífilis só é registrada quando o médico escreve no obituário, o que muitas vezes não acontece a pedido da própria família, diz a pesquisadora, que cita o exemplo do Ceará, onde realizou a pesquisa.
"Para dizer 'essa criança morreu por sífilis' é preciso que o médico coloque isso no atestado de óbito. E a maioria das vezes a batido, coloca 'causa desconhecida' para a morte. Há resistência, vergonha de falar, estão cercadas de tabu. DST é muito associada à promiscuidade", diz.
O estudo explica que a sífilis pode ser transmitida ao bebê a partir da nona semana de gravidez, embora a transmissão seja mais frequente entre a 16ª e a 28ª semanas. É fundamental que a evolução do tratamento seja monitorada atentamente pelos médicos, para evitar possíveis reinfecções.
Entre os principais problemas das consultas, a pesquisadora aponta testes realizados com atrasos e com resultados defasados; mulheres que abandonam o pré-natal; falta de acompanhamento para chamar de volta as mulheres que abandonam o pré-natal; dificuldades em trazer o parceiro e convencê-lo a seguir o tratamento.
"Podemos concluir que as mulheres grávidas e os recém-nascidos com sífilis congênita não estão recebendo tratamento adequado. Os recém-nascidos não recebem testes de rotina para investigar a neurosífilis, como é a recomendação do Ministério da Saúde, e muitas mortes e abortos poderiam ter sido evitados com a istração adequada."
A filha de Luisa já demonstra melhoras desde que começou o tratamento, conta a mãe. Já está mais firme ao sentar, mas, com um ano de idade, ainda não dá sinais de falar ou engatinhar. A menina fez exames mais precisos no dia 26 de julho para saber quais os efeitos neurológicos da sífilis congênita, mas o resultado não saiu até hoje.
"Eu ainda não sei se ela tem microcefalia porque estou esperando os exames, que não estão prontos por falta de material aqui", lamenta. "Me mandam ligar de 15 em 15 dias e ficar aguardando. Quando eu ligo, dizem: daqui a 15 dias a senhora liga novamente, daí eu ligo. Desde julho".
A esperança de Luisa é conseguir respostas positivas sobre os pedidos de Bolsa Família, que ela fez no mês ado, e do Benefício de Prestação Continuada, salário mínimo pago pelo governo federal para pessoas de baixa renda "com deficiência que apresentem impedimentos de longo prazo, de natureza física, mental, intelectual ou sensorial".
"Tenho vontade de voltar a trabalhar, mas minha vida parou. Minha rotina é toda dedicada a ela", diz Luisa.

FORMAS DE ELIMINAR O HIV 1c5a5h

Cientistas descobrem formas de eliminar HIV totalmente das células yy6s

Duas pesquisas dos EUA conseguem reativar o vírus latente, potencialmente tornando-o vulnerável para ser eliminado pelo sistema imunológico u2n30

Descobertas maneiras de tirar HIV do esconderijo
Uma das características do vírus HIV é que ele consegue "fugir" do sistema imunológico, escondendo-se de forma inativa nas células infectadas (a chamada latência viral), o que é o maior obstáculo para sua eliminação completa dos organismos infectados. Dois estudos divulgados nesta quarta-feira (22) pela revista científica Nature trazem descobertas que podem mudar esse cenário.

Cientistas das universidades da Carolina do Norte e Emory descobriram formas de reativar o vírus latente, potencialmente tornando-o vulnerável para ser eliminado pelo sistema imunológico.
Atualmente, o tratamento para portadores de HIV se baseia na chamada terapia antirretroviral, que limita a infecção e deixa o vírus "escondido" nas células T CD4 +, não podendo ser detectado pelo sistema imunológico.
A teoria por trás das novas pesquisas se baseia no uso de medicamentos que invertem essa latência e podem aumentar a expressão do gene viral, tornando as células virais vulneráveis ​​à eliminação pelo  sistema imunológico. Os testes foram feitos em camundongos e macacos que recebiam terapia antirretroviral.
No primeiro estudo, foi usado um medicamento chamado AZD5582, inicialmente criado para tratar o câncer e é capaz de ativar o vírus HIV latente.
No segundo estudo, foi usada uma abordagem  diferente, combinando duas intervenções imunológicas. Os cientistas injetaram um anticorpo para limpar as células T CD8 +,  importantes para controlar a infecção. Em seguida, aplicaram uma versão alterada da citocina IL-15 para mostrar que essa combinação fez com que o RNA viral aparecesse no sangue e nos tecidos onde anteriormente não havia sido detectado.
"Esta é uma conquista científica emocionante, e esperamos que seja um o importante para um dia erradicar o vírus em pessoas vivendo com HIV", disse Ann Chahroudi, uma das pesquisadoras da Universidade de Emory.
Ainda não se sabe se os resultados podem ser replicados em humanos, mas as pesquisas reprsentam um importante avanço no conhecimento sobre o HIV e as formas como o vírus pode ser manuipulado.